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26/12/2022 10:17
Agroindustrialização: Onde tudo começou

Vinte e cinco anos atrás entrava em operação o primeiro aviário climatizado do Brasil

Cinco anos se passaram desde a última vez em que a reportagem da revista C.Vale esteve na propriedade da família Pandini, no interior de Maripá, oeste do Paraná. O patriarca Egídio Pandini andava a passos curtos e lentos com as limitações de seus 87 anos. Naquele ano de 2017, o repórter se despediu do entrevistado dizendo esperar encontrá-lo novamente. Não foi possível já que “Seu” Egídio se despediria desse mundo três anos depois.

No outubro chuvoso de 2022, foram o filho e a nora dele que receberam a reportagem na casa de madeira construída há 54 anos sobre grossas vigas de madeira de lei e ampliada em alvenaria. Na entrada da casa, uma pesadíssima mesa rústica envernizada disputa a atenção dos visitantes com uma variedade de flores: orquídeas, sapatinhos de judia, cravos e rosas do deserto colorem a casa. É ali, na varanda, que José Elias relembra o início da atividade avícola com o pai em 1997.

O aviário de 120 X 12 metros alojou 26.260 aves e foi o primeiro do Brasil a utilizar o controle de temperatura na produção comercial de frangos. “Vinha muita gente ‘pra’ ver como funcionava. Parecia um dia de campo”, conta o produtor. A nora Sandra prossegue na mesma linha e revela uma postura de admiração e respeito em relação ao falecido sogro. “Ele teve coragem de fazer o primeiro aviário, pela idade que ele tinha (67 anos), estava aposentado e ia investir para pagar em dez anos.”

VISITA SURPRESA
As lembranças da trajetória dos 25 anos da avicultura da família e da C.Vale seguem dominando a conversa quando uma camionete branca aponta na curva de terra vermelha da estrada. O veículo estaciona no gramado e um senhor de óculos desce da camionete. José Elias apenas observa. Ao lado, a esposa Sandra leva a mão esquerda à boca em sinal de espanto como quem diz “eu não acredito que o Lang ‘tá’ aqui na minha casa”. Os olhos rapidamente ficam avermelhados enquanto o presidente da C.Vale, Alfredo Lang, se aproxima.

Estava ali o “visionário louco” responsável pela industrialização da C.Vale, a pessoa que criou alternativas de renda aos associados e impulsionou o crescimento da cooperativa. O frango responde por 70% da renda dos Pandini e ajudou a custear o estudo das filhas Fernanda, Ana Caroline e Isabela. Lang se aproxima, cumprimenta o casal e a filha caçula Isabela, que é funcionária da cooperativa.

Ainda surpresos com a visita inesperada, os três ouvem de Lang que o objetivo da industrialização era dar aos associados a oportunidade de crescerem com a diversificação de atividades. “Não se olha o tamanho da propriedade, mas a capacidade de a família aumentar a renda”, ensina o dirigente. Ele elogia a postura de Egídio Pandini 25 anos atrás. “Era uma loucura começar uma atividade diferente, com um conceito novo de produção. A história vai deixar registrado que o ‘seu’ Egídio foi o primeiro produtor do Brasil a instalar um aviário climatizado”, assegura. Sandra responde que se o sogro estivesse vivo, se sentiria muito honrado em receber o presidente da cooperativa na casa dele. A nora conta que o envelhecimento do sogro e um incêndio num dos aviários levaram o casal a acertar com Egídio a compra dos barracões. “A gente não tinha capital, era um investimento alto. Fizemos o negócio em soja e entramos com a cara e a coragem. Fiquei muitas noites sem dormir”, recorda. Com a rentabilidade da atividade em torno dos 50%, o casal está a um ano de concluir o pagamento dos aviários a Santina, viúva de Egídio.

PIONEIRO DA AVICULTURA
A presença do presidente da C.Vale não foi a única surpresa que os Pandini tiveram naquela manhã úmida de 20 de outubro. Lang se levanta e entrega um quadro com a reprodução do Jornal Coopervale de outubro de 1997 em que Egídio Pandini aparece no interior do aviário com o primeiro lote de pintinhos. E assim ele entrega outros três quadros, com reportagens envolvendo a família nos últimos 25 anos. A caçula Isabela, de 23 anos, segura a emoção ao se ver em uma foto com apenas oito anos, ao lado do avô em frente ao primeiro aviário.
Enquanto os Pandini e Lang começam a tomar o rumo dos aviários, o presidente da C.Vale reforça um conceito já conhecido dos associados. “Eu gosto dos clientes exigentes porque eles nos obrigam a ser eficientes. Eles reconhecem a qualidade e pagam mais”, ensina. Os visitantes param no portão de acesso aos aviários para colocar as botas plásticas descartáveis.

Em frente ao primeiro aviário, Lang e os Pandini posam para fotos e gravações no local onde, duas décadas e meia antes, “seu” Egídio, havia feito o mesmo, para marcar o nascimento da avicultura da C.Vale. Ali, onde tudo começou, o filho José Elias revela o desejo de ampliar a diversificação para incrementar a renda da propriedade de apenas 11 hectares. Para isso, ele e a esposa Sandra contam com o retorno de uma das filhas. E com o tempo ameaçando chuva, os visitantes vão ao encontro dos carros para tomar o caminho de volta. Repetindo o gesto de cinco anos antes ao pioneiro Egídio, o repórter faz uma provocação à neta Isabela. “Quero voltar daqui a cinco anos e ver essa propriedade cheia de crianças.” Ela apenas sorri. Quem sabe em 2027, o “visionário louco” Alfredo Lang volte para visitar a quarta geração dos Pandini na avicultura.

RAIO X
Família Pandini
Município; Maripá (PR)
Área: 11 hectares
Renda: avicultura 70% e leite 30%

Fonte: Assessoria C.Vale


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